Estamos acostumados a ouvir que a paixão pela profissão é o principal componente do sucesso profissional. Mas será mesmo que essa é uma verdade absoluta? Neste post, vamos avaliar dois depoimentos interessantes para ajudar você a refletir sobre a questão. Afinal, é importante não estar sob o peso de ideias preconcebidas que, muitas vezes, nem são as suas.
Como analisa a revista Você S/A, se a paixão pela profissão fosse uma verdade incontestável, o que deveríamos fazer com os milhões de profissionais que são ótimos fazendo um trabalho que detestam? Ou, então, como explicar aqueles que adoram o que fazem, mas têm um desempenho ruim?
Tenha cuidado, portanto, em sua próxima entrevista de emprego, quando lhe perguntarem qual é a sua verdadeira paixão. Essa resposta não pode ser automática, como se você tivesse a obrigação de estar apaixonado por determinado tipo de trabalho. Paixão é sentimento e, portanto, se modifica, ou passa. Uma boa meta de carreira deve ser algo mais palpável e estável.
Essa premissa de ter que assumir apenas um trabalho do qual se goste muito pode acabar fazendo com que a pessoa desperdice inúmeras possibilidades. Como assinala o consultor de gestão Eduardo Ferraz, existe um “romantismo ingênuo” em relação ao assunto. Acaba parecendo, segundo ele, uma falha moral a pessoa trabalhar para sobreviver. Ferraz é autor do livro Seja a Pessoa Certa no Lugar Certo.
Profissão – O exemplo de Steve Jobs
Steve Jobs, por exemplo, o criador da Apple, tem um vídeo no YouTube postado em 2005, que apresenta um discurso emocionante feito numa cerimônia de formatura da Stanford University, na Califórnia.
De lá para cá, o vídeo já foi visualizado mais de 20 milhões de vezes e tem influenciado muita gente na escolha de uma carreira, especialmente quando Jobs destaca: “Você tem de encontrar o que você ama. A única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que faz. Se você ainda não encontrou, continue procurando, e não se acomode”.
A grande questão é que Jobs dá essa opinião após ter obtido sucesso. Antes, para ele, essa questão não era primordial. Suas biografias relatam que o seu plano inicial de negócio, juntamente com o sócio Steve Wozniak, era somente vender 100 placas de circuito para uma loja de varejo de informática em Mountain View, Califórnia.
A expectativa era obter um lucro de 1.000 dólares, algo bem palpável e sem nenhum glamour. Para sua sorte, no entanto, o comprador rejeitou as placas, mas se interessou por um lote inicial de 50 computadores completos. Assim, nasceu a Appel. Na época, Jobs tinha abandonado os estudos, andava descalço e passava muito tempo meditando. Ou seja, se fosse seguir sua paixão, teria criado algum templo budista no futuro.
Profissão – O exemplo de Terri Trespecio
A estrategista de branding Terri Trespecio trabalhava para a marca Martha Stewart e tinha um emprego dos sonhos para muita gente quando resolveu desistir de tudo. Ela confessa que quando entrou para esse trabalho, ele era tudo com o qual sonhava, mas, passado certo tempo, havia deixado de ser. Assim, Trespecio dá um depoimento de 10 minutos à série TED, onde conta que, afinal, tal dispensa acabou sendo a grande oportunidade para ela descobrir que, em se tratando de trabalho, você não deve apenas seguir suas paixões, “são as paixões que devem seguir você”, declara.
Depois de passar um tempo angustiada questionando-se sobre qual era sua verdadeira paixão – em sem emprego –, ela resolveu agarrar uma oportunidade que nada tinha a ver com seus planos: vender joias para clientes da classe média. Foi quando ela entendeu que esperar pelo emprego perfeito, aquele que acreditamos ser a nossa paixão, pode fazer com que percamos ótimas oportunidades. Afinal, enquanto estamos esperando o trabalho perfeito, estamos parados.
Mas se começamos a trabalhar mesmo sem sermos apaixonados pela tarefa, durante o percurso, descobrimos muitas coisas sobre nós e podemos seguir caminhos nunca imaginados. Nada disso aconteceria se ficássemos aguardado que a nossa paixão se revelasse – e ainda correríamos o risco de ver a nossa paixão mudar no mês seguinte.
Como você vê, se conseguimos conciliar prazer com trabalho, ótimo. Entretanto, sofrer por não encontrar um trabalho que seja sua “verdadeira paixão” talvez não seja a melhor escolha. Fique com as oportunidades, deixe que a paixão siga você e não o contrário!
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